O pedido inesperado de exoneração de
Giovani de Souza, “estrela-guia” do vereador Abelino, publicado no jornal oficial
do município, de 14/11/2013, dia em que o prefeito Luiz Carlos Setim sancionou
a Lei da Ficha Limpa, gerou especulações no meios políticos da cidade, querendo
saber os motivos, em razão de comentários dando conta que o “guru” do Abelino
maquinava derrubar Brazílio, secretário da Saúde, para ficar em seu lugar, justamente
ele que foi expulso do grupo político de Setim.
Para me informar melhor procurei o
prefeito Setim, e apurei que Giovani não pode mais exercer cargo público no
município porque estava sendo condenado pelo Tribunal de Contas, sendo a
primeira vítima da citada Lei da Ficha Limpa.Daí fiz busca na Internet
(WWW.TCE.PR.GOV.BR.) e encontrei o Acórdão 3764/13, de 18/9/2013, que trata da
má gestão do termo de convênio 11/2007.
Segundo o relatório, as irregularidades
foram: realização de despesas após o término do Convênio; ausência de
comprovação da utilização ou recolhimento do saldo remanescente da
transferência; existência de duas contas bancárias com o objetivo de
operacionalizar os recursos, sendo que numa delas há um bloqueio judicial não
esclarecido; divergência entre o saldo final da transferência informado na
prestação de contas anterior em relação aos dados obtidos por meio da análise
dos extratos bancários apresentados, e atraso de 273 dias na apresentação de contas.
Por isso, foi determinado o recolhimento
parcial dos recursos repassados no valor de R$ 24.792,60, corrigidos,
solidariamente, pelo Hospital e Maternidade de São José e por Giovani, detentor
do cargo de Diretor à época. Mais R$ 63.280,37, devida-mente corrigidos, pelo
Hospital S. José e por Giovani. Multa pelo atraso na prestação de contas e
inclusão do nome de Giovani de Souza no cadastro dos responsáveis com contas
irregulares, para os fins do artigo 170, da Lei Complementar 113/2005.
QUEM
É GIOVANI DE SOUZA
– Segundo o jornal “Coração de Estudante”, de abril de 2012, Giovani é gaúcho, 48
anos, formado em “informação na educação” pela Universidade Dom Bosco, de Porto
Alegre. Fez especialização em Planejamento Estratégico no Rio de Janeiro, em
Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas do Paraná, em Desenvolvimento
Regional e Local pela UFPR, em Gestão de Cidades por Resultado, e é professor
de Finanças Públicas de pós-graduação da OPET.
Apareceu em São José dos Pinhais dando palestra “de como vencer na vida por si
só”, e logo angariou a simpatia da primeira-dama, Neide Setim, que lhe abriu as
portas da Prefeitura, acomodando-o inicialmente num cargo comissionado de
Chefia de Divisão, na Secretaria de Educação, em 1998. Protegido de d. Neide,
ele virou Diretor de Departamento da Secretaria de Promoção Social em18/1/2001
e chegou a Chefe de Gabinete do Prefeito em 9/11/2001, onde permaneceu até
4/1/2005, quando Setim passou o cargo a Leopoldo Meyer (que não teria sido eleito
sem o apoio de Setim).
No governo de Leopoldo, sempre pelas
mãos de Dona Neide, Giovani evoluiu, virando secretário do Planejamento, onde se
manteve de 4/1/2005 a 13/12/2007. A partir de então, movido pelo senso de
oportunidade, Giovani alcançou “maioridade política”. Libertou-se de d. Neide, e, com asas, passou a
empreender voos próprios, começando a revelar “seu jeito de fazer as coisas”, que
se resumem numa regra de três básica: abandonar aqueles que, quando no poder, o
apoiaram, derrubar companheiros para ocupar seus lugares, e se aliar, a
qualquer preço, com quem chega ao poder.
Foi assim que se tornou secretário
Saúde, derrubando a então secretária, dra. Maria Cristina Singer Walbach, e a
seguir virou Diretor do Hospital e Maternidade S. José, derrubando o então
interventor Ivan Rodrigues, hoje ex-prefeito da cidade.
Por sinal, o ruidoso tombo foi o estopim
do racha entre Ivan, Leopoldo e Setim, que, divididos, e irados, disputaram a Prefeitura
em 2008, saindo vitorioso o paulista Ivan. Foi o primeiro grande estrago que
Giovani de Souza causou a seus aliados políticos. A partir dali, ele entrou
numa espécie de “gangorra política”, ora por cima, ora por baixo, mas sempre
tentando manter um pé no poder, preparando o bote para novos voos.
Sem Setim, sem Leopoldo e com o desafeto
(Ivan) na Prefeitura, Giovani viu-se pela primeira fora do poder, e enroscado
na mencionada ação que semeou quando Diretor do Hospital São Jose, cuja condenação
está “vivenciando” agora. Mas ardiloso, iniciou aproximação com Assis Manoel
Pereira, então presidente da Câmara, que, após um ano de muita conversa jogada
fora, Assis “mordeu a isca” da ambição de virar vice-prefeito, atracando-se com
Ivan, então prefeito, que buscava sua reeleição.
Com
esta jogada, Giovani voltou ao poder como Diretor Geral da Câmara, em 2/3/2010,
para variar derrubando o diretor da época. Empossado, demitiu funcionários com
anos de casa (sem direito a nada, tanto que alguns até hoje passam dificuldades),
para acomodar em seus lugares gente do PSDB, tudo para ajudar a eleger o
vereador Assis à presidência do partido, para entregá-lo a Ivan, com a promessa
deste de criar uma “secretaria especial” para ele, como de fato sucedeu, surgindo
então a Secretaria dos Transportes, que, de tão inútil, está sem secretário
desde que Setim assumiu.
E nesse rojão Giovani voltou ao poder,
assumindo a Secretaria de Transportes em 18/4/2012, inacreditavelmente, pelas
mãos de seu desafeto Ivan, que ele derrubara no passado. Como Ivan não vinha
bem das pernas, o apoio do novo aliado foi a “pá de cal” no sonho da reeleição:
Ivan desandou de vez e perdeu a disputa, ficando em terceiro lugar,
acontecimento inédito na História Política do Município. Com Assis não foi
diferente: perdeu a presidência do partido e da Câmara, sendo este o “segundo
grande estrago” nos aliados de ocasião de Giovani de Souza.
Sem Leopoldo, sem Setim, sem Ivan e
sem Assis, Giovani se viu fora do poder pela segunda vez. Entretanto, nem
chegou a esquentar a moleira, vindo a romper das sombras pelas mãos do
bondadoso vereador Abelino, que o contratou sem que o pupilo tenha movido uma
palha em favor de sua eleição, como o generoso edil observou. Contudo, mesmo
operando no mais simples cargo (desde que iniciou sua flutuante carreira
política aqui na cidade), Giovani ficou arquitetando nova jogada para voltar ao
poder central desta vez como secretário da Saúde ou do Planejamento.
Na silenciosa e persistente cruzada para
chegar à Secretaria da Saúde, Giovani tinha apoios de padrinhos influentes, até
de “medalhões” que, inclusive, sem rodeios, sopravam o nome do “afilhado” ao
prefeito, causando-lhe constrangimento, conforme desabafou aos mais próximos,
sem pedir segredo da “pressão”. Como Setim não queria trocar o velho amigo e
compadre, dr. Brasílio (fiel até embaixo d’água) por um jogador, valeu-se da
Lei da Ficha Limpa, que sancionou, e, bem escorado, deu um ”piparote” no seu
ex-protegido, ao argumento de que não poderia aproveitá-lo por causa da
condenação.
Não
obstante, “bagre ensaboado”, como se autodefine, Giovani guardava outra bala no
bocó: um cargo na Secretaria de Planejamento, onde brilha Rafael Muhlmann (genro
do deputado Leopoldo Meyer), que em 10/7/2010, por volta das 15:30 foi preso
por policiais da Guarda Nacional, quando atravessava a Ponte da Amizade, na
garupa de um mototaxi, transportando mais de 3000 mil comprimidos de uso
proibido no Brasil, colados ao corpo, envoltos em plástico preto, sob as vestes
e colados ao corpo com fitas adesiva.
Em
8.02.2013 foi sentenciado pela Justiça Federal de Foz do Iguaçu a pena de 1
ano, 11 meses e 10 dias de reclusão e 194 dias-multa de 1/10 (um décimo) do
salário mínimo dia, por incursão no artigo 273 do Código Penal (Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto
destinado a fins terapêuticos ou medicinais). Rafael apelou ao Tribunal
de Justiça do Paraná. E ainda diz ter moral para criticar dr. Brasílio...
Comentários
na cidade dão conta de que Leopoldo Meyer cogita tirar o genro da cena local,
acomodando-o no governo federal. Assim sucedendo, Rafael pode virar “bacalhau”
nas costas da presidenta Dilma (como, aliás, aconteceu aqui com a verea-dora
Mari Temperasso —quando ele se aboletou na chefia de seu Gabinete).
Amigo pessoal do também condenado
Giovani (que saiu às pressas da Câmara), Rafael já lhe arrumou uma mesa no
Planejamento para dali deixá-lo no seu lugar, caso venha a ter de vazar no rumo a Brasília — a manobra só será possível até
31 de janeiro, pois em 1º./2/2014 vigora a Lei da Ficha Limpa, que impediria o
amigão de substituí-lo.
Favas
contadas
– Como sucedeu com seus protetores de outrora (Ivan e Assis que o digam),
Abelino também deve provar da maldição de
Giovani, tendo de explicar na Comissão de Ética do PT a contratação desse “ficha
suja estranho no ninho petista”, desprezando companheiros que foram decisivos
na sua eleição, no voto de legenda. A propósito, Abelino, que se diz “o maior
transparente”, não dá transparência dos seus atos na Câmara, e não admite ser
questionado sobre suas funções de vereador.
Da mesma forma, Rafael, que mal inicia a
aproximação com esse “ficha suja”, já começa a sentir os efeitos da praga,
tendo a sua vida pregressa revelada no embalo das investigações em torno de
Giovani, hoje seu novo “melhor amigo do peito”.
CONCLUSÃO – Giovani só se
preocupa com seus interesses, e assim vem jogando, ora por cima ora por baixo,
mas até agora mais ganhando do que perdendo.
Perde quem vai na conversa dele, que age
como “beija-flor” esvoaçante, de um lado para outro, nada deixando por onde
passa, apenas sugando o “néctar” do poder.
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