quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Para os vereadores refletirem sobre a sagrada missão de fiscalizar os atos do Executivo em defesa da população que os elegeu

 


Morador da Costeira é transferido às pressas para o Hospital das Clínicas, por falta de medicamento que a Prefeita e o Vice haviam sido alertados há um ano e oito meses

 

Na manhã de 12 de setembro de 2019 solicitei uma reunião com a então Vice Presidente da Câmara Municipal, Vereadora Nina Singer, e os Vereadores Assis Manoel Pereira, Presidente, e Bira do Banco, Primeiro Secretário, para tratar da compra do medicamento Alteplase, vital à população, o qual um ano e oito meses após o alerta, está em falta na Rede de Saúde do Município. Causa estranheza o fato da Prefeita Nina e do Vice Assis, há meio ano no comando do Município, deixarem faltar um medicamento, depois das orientações que tiveram.

O Alteplase é um injetável que tem de ser aplicado, nas primeiras quatro horas, em pessoas que têm AVC, para evitar a coagulação do sangue e a consequente obstrução dos vasos sanguíneos, que impede a oxigenação do cérebro, provocando mais danos ao paciente ou a morte.

A licitação para a compra deste medicamento e outros foi aberta em 23 de outubro de 2018, através do Pregão Eletrônico nº 249/2018, e homologado em 17 de dezembro de 2018, o qual gerou 15 Atas de Registro de Preço, emitidas em 3 de janeiro de 2019, com prazo de duração de um ano. A partir desta data a Prefeitura ficou habilitada a adquirir este medicamento e os demais, parcelado ou não, até o valor licitado, tendo, porém, de empenhar o dinheiro para o pagamento da parcela ou do total, antes da aquisição.  

Até a data de 12/9, oito meses após a assinatura das Atas, faltando quatro meses para perderem a validade, muitos empenhos foram emitidos, menos da Ata nº 4, a do medicamento, isto é, não havia sido adquirida uma única unidade. Este é um caso de fiscalização que só é possível por meio de um acompanhamento sistemático dos procedimentos licitatórios, semelhante ao Sistema disposto no final desta narrativa, que venho desenvolvendo há anos e o aprimorei nos últimos dois anos (Dezembro de 2018 a Dezembro de 2020).

Este aprimoramento só foi possível graças a uma Estudante de Direito, que a conheci fazendo estágio no Gabinete do Vereador Feneme, a qual, ao final do estágio, foi contratada, a meu pedido, pelo então Presidente da Câmara, Manoel Assis Pereira, para fazer o trabalho de Internet, o qual tornou-se imprescindível, com a implantação do Diário Oficial Eletrônico. Competente, dedicada, habilidosa em computação e com grande capacidade de assimilar conhecimento, esta Universitária prestou uma enorme contribuição para a consolidação deste Sistema.

Mas não foi assim que o novo Presidente da Câmara, Vereador Abílio Alves, viu a importância do seu trabalho e, um dos primeiros atos como Presidente, foi exonerá-la, sob a alegação que a Câmara não precisa de funcionário para fiscalizar os atos do Executivo, porque os Vereadores fiscalizam – uma exoneração que ficará nos anais deste Legislativo como a mais injusta, incompreensível e irracional da sua História.

            Sem um Sistema de Controle dos atos do Executivo, fica difícil até para o vereador(a) saber o que o Prefeito(a) e o Vice fazem, que dirá controlar estoque, aquisição e conhecer a finalidade de medicamentos.  Foi através deste Sistema que registra todas as etapas de cada procedimento licitatório (do Aviso de Licitação aos Empenhos), que fique sabendo que o medicamento não estava sendo adquirido, porque não havia sido emitido empenhados, levantando a suspeita que o preço unitário (R$ 1.939,03), era a causa.

 

            Conclusão nº 1 – Por mais que os vereadores(as) desejem exercer plenamente a sagrada função de fiscalizar os atos do Executivo, não conseguem sem um Sistema de Controle, quer dos atos do Executivo, como do Legislativo, que os subsidiem. Em mais de vinte e quatros (24) que acompanho, voluntariamente, a atividade política e de seus agentes, especialmente, dos vereadores(as) de São José dos Pinhais, não encontrei um Sistema de Controle adotado por algum vereador(a) ou pela Câmara.   O Presidente Abílio está equivocado ou mal intencionado.

            Sem este Sistema não ficaria sabendo, sequer da existência deste medicamento, muito menos da sua finalidade, razão de ter pedido informações para uma médica, no caso a minha filha, e confrontado com informações do Farmacêutico mais antigo da Secretaria, numa reunião do Conselho Municipal de Saúde.

            Conclusão nº 2 – A Câmara não só precisa de um funcionário(a) da competência e dedicação da Estudante exonerada, mas de uma equipe composta por digitadores, pesquisadores, estagiários e profissionais de todas as áreas. O Poder Legislativo, como Órgão de Controle Externo do Executivo, a exemplo do Ministério Público e dos Tribunais de Contas dos Municípios, dos Estados e da União, precisa de um Departamento de Controle Externo, para que os vereadores, deputados estaduais, federais e os senadores possam executar a missão para a qual foram eleitos.

            Este Departamento   não foi implantado na Câmara; a Estudante que me ajudava, num esforço quase sobre humano, foi exonerada; um pedido feito à Prefeita Nina, no início da sua gestão, para contratá-la e disponibilizar  dez estagiários para ajudá-la, até hoje não foi atendido, e o  nobre Vereador Bira do Banco, que era o nome natural para presidir à Câmara e apoia o Sistema de Controle,  foi preterido pela Prefeita, a qual empenhou todo o seu “poder de influência” para eleger Abílio Alves, que é contra o Controle das Contas do Município.

            Conclusão nº 3 – A Prefeita Nina, apoiada pelo Presidente da Câmara, Abilio Alves, não quer que as Contas da Prefeito, sob sua gestão sejam fiscalizadas. A razão, não se sabe.    

            Mas seja qual for, o resultado desta política, certamente, custará muito caro à população, até com a vida de pessoas, uma vez que a Prefeita não é dada a acompanhar as Contas do Município. Quando foi Presidente da Comissão de Obras da Câmara, as ruas viraram só buracos, porque ela não acompanhou a renovação dos contratos, deixando que a maioria deles não fossem renovados. Os relatos feitos, na época, pelos vereadores(as), do que isto custou à população, são estarrecedores. A Vereadora Fátima de Paula, hoje Vice Presidente da Câmara, chegou a dar os pêsames ao Município.

            Conclusão nº 4 A falta de sensibilidade da Prefeita Nina Singer e do Presidente da Câmara, Abílio Alves, choca.

            A Estudante que tanto torceu pela candidatura da Prefeita e vibrou com sua vitória, tendo trabalhado por quatro meses, sem receber um único centavo, na elaboração deste Controle, referente aos procedimentos licitatórios do 1º Quadrimestre de 2020, condensados em um volume de 309 páginas, entregue à Prefeita em 12 de agosto de 2020, não mereceu dela, sequer um muito obrigado, a qual teve de trancar o Curso de Direito, por falta de recurso.

            Conclusão nº 5 – Quem votou na Nina Singer, por ser mulher, especialmente, as mulheres, podem ter uma grande frustração com ela.

            Finalizando esta narrativa, é bom lembrar que o Poder é transitório e de pequena duração, na vida da maioria dos políticos, sendo de bom senso recomendar à Prefeita que não se deixar embriagar por ele, cometendo injustiças como as que praticou com a Estudante e repará-las, antes que seja tarde demais, diante da brevidade de nossas vidas,  especialmente com esta Estudante.