O
Vinho do Dia dos Pais
Falarmos
sobre o vinho numa data tão especial como o Dia dos Pais é uma alegria e uma
honra, quando se homenageia este que é o cerne de uma família e é rodeado por
todos os familiares neste dia que lhe é dedicado (...). O vinho nasce da nobre
aliança entre as mãos do homem e as forças da natureza: a terra, a planta, a
rocha, o ar, os ventos, o sol, a água, o quente, o frio. A única verdade líquida
e certa que conheço é o vinho. Criatura milenar, bíblica, que Jesus consagrou-a
no dia que transformou a água em vinho, numa festa de pescadores. Desde de
então, a poção que regava cardápios como simples bebida de ocasião,
convertia-se em milagre de celebração. Não é à toa que lá está no Cântico dos
Cânticos leva-me à adega.
E assim a
humanidade desenvolveu-se em todos os ciclos e, quando se fala de história,
quanto mais remoto o período, mais nebulosos se tornam os acontecimentos e acho
que até nossos dias de grandes avanços tecnológicos, em que mais se aprimora
sua qualidade, tornando-se um fenômeno mundial como a gastronomia, porque o
vinho é um complemento, um parceiro, pode se dizer que a história do vinho se
confunde com a do homem civilizado, e por exercer enorme fascínio sobre ele, o
tem acompanhado em sua trajetória pelo mundo em seus momentos mais alegres das
antigas civilizações e é para ser sorvido lentamente, enquanto os aromas de
algumas questões nos levam a boas reflexões.
PAIS - Grandes homens que deixaram sua marca
na história da humanidade e do vinho foram pais, a começar por Noé. Segundo a
tradição judaica transcrita no Pentateuco, a parreira teria sido a primeira
planta cultivada por ele após o dilúvio e, em seguida, há descrição de como ele
bebeu o vinho fermentado na jarra e ficou alegre, aparecendo nu em sua tenda,
sendo coberto por seus filhos, numa alusão à bebedeira tomada por personagens ilustres, bem descrita nos afrescos da Capela
Sistina no Vaticano, pintada por Michelangelo (1568/1646), a pedido do Papa
Júlio II. (...) Aliás, atribui-se a Noé o título de primeiro enólogo do mundo vínico,
por mais que tenha sido um acidente químico, ficou a fama.
(...) O
Império Romano teve um importante papel na difusão do vinho. Seus imperadores
levaram a tríade alimentar aos povos conquistados que era o trigo para fazerem
o pão, as azeitonas para cultivar as oliveiras e a parreira para plantarem e
das uvas fazerem o vinho, daí surgindo os grandes produtores mundiais de hoje
como a França, com a Bordigália de Júlio Cesar, Portugal, Espanha, Itália e
Alemanha. Os espanhóis quando levaram as parreiras para o Novo Mundo, não
imaginaram que destas sementes, alguns séculos mais tarde, tornar-se-iam frutos
de alta qualidade, produzindo vinhos inigualáveis no Chile, na Argentina, no
Uruguai e no Brasil, em São Paulo, cujas sementes foram trazidas pelos
portugueses (...)
Robert Mondavi
foi o homem que revolucionou o mundo vínico nos Estados Unidos, na Califórnia,
com as vitis viníferas francesas, produzindo vinhos de alta qualidade com
preços ao alcance de todos os cidadãos, forçando a França, produtora dos
grandes e caros vinhos, produzir também
vinhos com custo benefício viáveis a produtores e consumidores, sendo
considerado o Pai do Vinho nos Estados Unidos. Michel Aimé Pouget, francês considerado
o Pai do Malbec nas américas e Simon Van Der Steel, Holandês, que em 1685
implantou um vinhedo num vale que deu o no de Constantina, em homenagem e prece
a esposa que deixara na Holanda e que jamais reveria, é considerado o Pai dos
Vinhos Sul Africanos (...).
IGREJA
CATÓLICA – Ao contrário das religiões islâmicas e do hinduísmo, a cristã sempre
esteve intimamente ligada ao vinho. O próprio Jesus se identificou com ele na
Eucaristia, ao transubstanciar sua carne em pão e vinho. Assim, desde a última
ceia essa bebida tornou-se essencial à execução dos rituais religiosos e foi
sempre produzido nos mosteiros e conventos aonde tivesse uma igreja no mundo,
sendo também a difusora dos vinhos. Cabe, pois, a nossa homenagem à Igreja
Católica por esta difusão, como o Pai do Vinho no Mundo. Que padres e bispos
divulguem e permitam que este texto seja distribuído aos fiéis de suas
comunidades para o enriquecimento de sua cultura cristã e conheçam a história
de tão nobre bebida. (Grifo nosso)
A todos os pais do mundo, em especial
àqueles que repousam no outro oriente, nossa homenagem neste dia a eles
dedicado, parafraseando o poeta que diz: “O homem só é eterno quando sua
memória permanece”
Texto original
de Osvaldo Nascimento Júnior, enófilo/Sommelier, palestrante e colunista de
vinhos, publicado no jornal Diário Indústria&Comécio, de 10/8, e adaptado
por Antonio Pereira dos Santos (antoniopereirajornalista.blogspot.com)
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