terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Em busca de esperança

À
Promotora Pública
Dra. Silvia Galeski Campelo

                Quero cumprimentá-la e desejar que seu trabalho seja de grande valia para a população de São José dos Pinhais, a qual, há vinte anos vem sendo enganada e sacrificada pelo grupo político que ascendeu ao poder com a vida das montadoras, no final de 1996, quando, também, fui despertado para a questão ambiental, especialmente, a água, a maior riqueza do município, e, na sequência, para o uso do dinheiro público.
                Atualmente ela está sendo enganada que o município vive uma grave crise financeira provocada pela queda na arrecadação, a qual até a última prestação de contas, publicada em 28/9, não se verificou. Estava prevista uma arrecadação de R$ 630.431.212,00 e foram arrecadados R$ 650.715.018,13. Em nome dela tem sido feito cortes na área social, especialmente na Saúde, a mais impactada por esta crise, segundo o prefeito.
                Numa trama diabólica, ele iniciou sua gestão visitando as unidades de saúde, para saber dos funcionários e dos usuários o que precisava ser melhorado no atendimento e na estrutura das unidades, passando para algumas pessoas, que era um prefeito preocupado com a Saúde e com a população, como disse a usuária Rosiane Aparecida Rocha, cuja manifestação foi publicada nos jornais pagos pela Prefeitura, em 9/1.
                Dias depois era distribuído nas unidades visitas um informativo, Família Prefeitura, falando desta crise e dos ajustes que estava fazendo para manter o equilíbrio entre a receita e a despesa. O informativo mostrava que a arrecadação e o orçamento caiam e a população e o atendimento na Saúde aumentavam. Assim passava que estava preocupado com a população e desejava atendê-la em suas demandas, mas não tinha como.
                Era uma preparação para os cortes que iria fazer, entre eles, no fornecimento de remédios, dietas parenterais, exames, redução do porte do Hospital e Maternidade São José, do nível 3 para o nível 2, para reduzir gastos, fechamento de unidades de saúde, e para os aumentos de taxas e do IPTU, de modo que a população aceitasse como medias necessárias para equilibrar as contas do município e ainda tivesse compaixão dele.
                Para mostrar austeridade, em 30/1, determinou o congelamento dos gastos em 90%. Os secretários só podiam gastar 10% do orçamento, mas até a última prestação de contas, determinada pela Lei de Responsabilidade Fiscal, esta contenção não aconteceu. Estavam previstos gastos de R$ 640.790.404,00, mas como só podia ser gasto 10% deste valor, os gastos teriam de somar R$ 64.079.040,00 e ele gastou R$ 603.105.814,84.
                Em 6/2 começaram os cortes, iniciando com o fechamento da UPA Rui Barbosa, o primeiro grande corte que faria na Saúde. Justificou que estava reestruturando os gastos da Secretaria, que a Saúde era o setor que mais estava sentindo o impacto da crise, em razão da queda na arrecadação, mas que ela era prioridade da sua gestão e um desafio para manter serviços de qualidade.  Por isto, ela seria transformada numa UPA Infantil.

 Em 3/4 foi noticiou, em manchete de capa, dos jornais bancados pela Prefeitura, que São José estava ganhando nova unidade de pronto atendimento infantil. Para surpresa, não seria na UPA Rui Barbosa mas na UPA do Afonso Pena. Toninho havia mentido e Giovani também sobre a reforma, mas em 18/5, em nova manifestação, disse que a reforma da Upa estava bastante adiantada, mas  nunca foi concluída.
Entretanto, tratava-se de mais uma jogada para ganhar tempo, até que encontrasse uma saída para se livrar definitivamente da UPA. A saída encontrada foi anunciada pelo Secretário  meses depois. Segundo a nota, o Conselho Municipal de Saúde tinha aprovado a concessão de uso da UPA ao Consórcio Metropolitano de Saúde do Paraná.
Em seu lugar seria instalado o Centro de Especialidades do Paraná (CEP). Era o último capítulo de uma novela que começo em 6/2, com um final trágico. A UPA Rui Barbosa, que havia operado até milagres, conforme testemunho publicado no Informativo nº 41 da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, do mês de outubro, estava morta, vítima de manipuladores inescrupulosos, que usam até o nome de Deus para enganar o povo.
Agora o que está sendo questionado é se a estrutura da UPA será suficiente para atender a população de São José e a população de mais 24 municípios.
Esta pequena explanação, trata-se de um pedido que me foi feito pelo Coordenador do Observatório Social, o Biberson, pelo qual tenho admiração e respeito pelo trabalho que tenta desenvolver, mas sem recursos e travado pelo presidente da Aciap, que abriga o Observatório, não consegue. O presidente, o qual tem um irmão acomodado num cargo comissionado  na Secretaria de Saúde, não quer que o Observatório funcione.
Aproveito esta oportunidade para encaminhar alguns requerimentos que até hoje não foram atendidos, uma ilegalidade muito usada para esconder informações, que faz parte desta política de enganar a população. Aproveito ainda para solicitar um parecer sobre cada um deles e o que o Ministério Público pode fazer para que este imenso trabalho voluntário não seja em vão, informando o nome do Dr. Rubens Sundin Pereira que fará o acompanhamento.
                Requerimento nº 1 – Em 16/1/2107 requeri da Coordenadora das Unidades de Saúde, Débora Cristina M. Ferreira Chemim (doc. 1), que fosse informado as necessidades físicas e de atendimento digno à população de cada unidade; quanto custariam; se existia verba no orçamento para estas melhorias; quais as melhorias que tinham sido feitas na sua gestão ; como resolver o gravíssimo problema das filas para marcar consultas; quantos médicos seriam necessários para acabar com as filas  e para encaminhar cópias do projeto de ampliação da unidade do Agaraú. Segundo a Chefe desta unidade, Débora tinha todas estas informações.
                Encaminhei cópias para o Secretário da Saúde, Giovani de Souza, solicitando o envio de um relatório  dos gastos desta visitas; para o Prefeito Toninho fazer uma profunda reflexão e para a Coordenadora do Controle Interno, Rosi Bassa, solicitando ajuda. Giovani não enviou o relatório e engavetou o requerimento da Débora. Nem o prefeito e nem a Coordenadora Rosi se manifestaram. E assim, as visitas continuaram,  desperdiçando muito dinheiro.
                Com exceção da Débora, entendo que os demais devem ser responsabilizados nas formas da lei, especialmente o Secretário Giovani, que além de não fornecer o relatório, ainda engavetou o requerimento.
               
Requerimento nº 2 – Em 1º/2/2107 requeri ao Prefeito (doc. 2) que fosse informado se a Prefeitura teria dinheiro para bancar a gastança que estava promovendo, sem ter de avançar no bolso da população, com aumento de taxas e de impostos. Até hoje não respondeu, porque não queria que a população ficasse sabendo desses aumentos, o primeiro em 3/4, que  aumentou ilegalmente a Taxa de Alvará, em até 1.250% e do IPTU, em 45,5% para imóveis edificados e 102,7% para áreas superiores a 1 hectare.
                Novamente encaminhei cópias para o Secretário Giovani, solicitando para se pronunciar no prazo de 15 dias e para a Ouvidoria da Secretaria da Saúde tomar as medidas prescritas na Lei 1.303. Giovani, de novo não respondeu e engaveto a cópia da Ouvidoria. Encaminhei também para a Coordenadora Rosi, que tem um dos maiores salários da Prefeitura e para o Biberson, Coordenador do Observatório. Entendo que Giovani  deve ser responsabilizado nas formas da lei.
Requerimento nº 3 – Em 17/3/2017 requeri ao Prefeito Toninho (doc. 3) que provasse se havia reduzido em 20% as nomeações de ocupantes de cargos comissionados, segundo havia dito em entrevista publicada em 10/2, em jornal bancado pela Prefeitura. Indaguei, novamente, se não teria de aumentar taxas, impostos e até criar novos. Para provar teria de informar o número de ocupantes de cargos comissionados e de funções gratificadas em dezembro de 2016 para comparar com 2017. Até hoje não respondeu. Aos demais, não tive dinheiro e tempo para fazer os encaminhamentos.  Toninho precisa ser acionado a dar essas informações.
Requerimento nº 4 – Em 27/3/2017 requeri ao Prefeito Toninho (doc. 4) que exonerasse a mãe e o irmão de Juliana Ramos Saraiva, chefe de gabinete do Presidente da Câmara, vereador Assis e o filho de Assis. A mãe que recebia uma gratificação no valor de R$ 966,48, como chefe de posto de saúde C,teve a designação revogada, pois era Auxiliar de Serviços Gerais, mas o filho foi promovido de Assessor de Projetos e Planejamento CC8, salário de R$ 2.557,33 para Coordenador de Centro de Promoção Humana CC5, salário de R$ 5.100,96. A mãe perdeu R$ 966,48 e filho aumentou seu salário em R$ 2.543,63. O filho de Assis continua no cargo de Assessor Especial A CC5, salário de R$ 5.100,96. Encaminhei cópias para Coordenadora Rosi Bassa e os vereadores     
Requerimento nº 5 – Em 3/4/2107 requeri ao Prefeito Toninho (doc. 5) que fossem exonerados 49 chefes de postos de saúde, sem postos para chefiarem, entre eles, o irmão do Presidente da Aciap, e diretores e chefes de divisão de regionais de saúde fechadas. O prefeito não respondeu, não fez as exonerações  e continuou nomeando e designando chefes de postos, até atingir 90 chefes para 24 postos.
Encaminhei cópias para o vereador Dangui, da base aliado do Prefeito, para o Biberson, para a Coordenadora Rosi e para o Presidente do Conselho Municipal de Saúde, tendo este aprovado uma moção de repúdio e encaminhado ao Ministério Público, mas continua, praticamente, tudo na mesma. Entendo que Giovani, o prefeito Toninho e a Coordenadora do Controle Interno, solidariamente, devolvam aos cofres públicos o que foi gastos com essas nomeações e designações fraudulentas.
Requerimento nº 6 – Em 10/5/2017 requeri ao Presidente da Câmara, Vereador Assis (doc. 6) que fosse devolvida para a Secretaria de Agricultura, a nora do ex-prefeito Setim, com base em um ofício do Ministério Público, recomendando que todos os servidores da Prefeitura cedidos à Câmara fossem devolvidos. Assis até hoje não se manifestou e a nora continua na Câmara, recebendo quase o triplo que recebia como servidora da Secretaria da Agricultura. Assis precisa se manifestar a respeito.     
              Requerimento nº 7 – Em 26/5/2017 requeri ao Secretário de Finanças, Miltom Talamini (doc. 7) que informasse se a meta dos 10% dos gastos tinha sido cumprida e voltei a pedir a relação dos cargos comissionados e os gastos com a Agência de Publicidade Trade. Requeri ainda que informasse como estava o limite de gastos com pessoal. Até hoje não tive resposta. O Secretário precisa prestar estas informações. 
                Requerimento nº 8 – Em 29/8/2017 requeri ao Secretário de Finanças, Milton Talamini (doc. 8), valor dos gastos com a Taxa de Alvará e de Saúde, entre outras informações a respeito, pois os valores cobrados só podem ser para cobrir os gastos com o serviço. Só respondeu que não podia fornecer a relação dos contribuintes. Ele precisa informar o valor dos gastos destas taxas, uma vez que a cobrança tem sido abusiva e o dinheiro desviado.
                Requerimento nº 9 – Em 28/9/2017 Requeri à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (doc. 9) a planilha de custo da Taxa de Alvará.  Foi respondido em 4/10 pelo Vereador Edson Dangui, dizendo que não é da competência da Comissão fornecê-la. Sem conhecer os custos do serviço não é possível afirmar se o aumento foi legal ou não. Entendo que Dangui não tem competência para presidir a  CCJ.
                Requerimento nº 10 – Em 25/10/2017 requeri ao Presidente da Câmara, Vereador Assis (doc, 10) uma relação dos contribuintes com o valor do IPTU de 2017 e 2018, para que os contribuintes fiquem sabendo de quanto será aumentado o valor do seu IPTU. Até hoje não encaminhou.
                Requerimento nº 11 – Em 31/10/2017 requeri ao Prefeito Toninho (doc. 11) o mesmo pedido feito ao Vereador Assis. Também não encaminhou.
                Requerimento nº 12 – Em 14/11/2017 requeri ao Presidente da Câmara, Vereador Assis que fornecesse o custo real da Câmara para 2018, com cópia para a Presidente da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara, Nina Singer, recomendando que não colocasse em votação o Orçamento de 2018, sem esta informação
                Requerimento nº 13 – Lembrei a Vereadora Nina Singer deste pedido (doc. 13) e demais um feito ao Diretor de Orçamento da Prefeitura (doc. 14) e pedi o posicionamento da Comissão, mas o orçamento foi aprovado sem estas informações.
                Finalizo, consciente que tenho feito a minha parte, ao longo dos últimos 20 anos, mas não posso deixar de dizer que é desolador constatar que neste país nada se pode. Entretanto, não devemos perder a esperança, porque sem esperança não há sonhos e sem sonhos não há mudanças. Que este desabafo se converta nesta esperança.
                                                                                                              Atenciosamente

                                                               Antonio Pereira dos Santos
                                                  (antoniopereirajornalista.blogspot.com)
                                  São José dos Pinhais Paraná, 19 de dezembro de 2017
     

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